quarta-feira, março 02, 2011

Socióloga de Quermesse

Nada com não fazer nada e ter tempo pra reavivar velhos hábitos, como no meu caso o da leitura!
No mês de janeiro li o livro História de Mulheres de Rosa Monteiro (Editora Agir). Nele li histórias envolventes de grandes mulheres, que poucas sabemos ou conhecemos. Escritoras, pintoras, artistas, ou mecenas, mulheres que na sua época fizeram coisas inimagináveis e em quase todos os casos pagaram caro por isso, de alguma forma ou de outra.
Após uma breve explicação da discussão sobre os gêneros e todo aquele mimimi*, algumas histórias me chamaram atenção por se aproximarem muito a realidade das relações que vivemos hoje (só que sem aquela distinção de gênero).

Fato é que da vida das 15 mulheres que ela narra no livro, muitas viveram na era do pós-vitoriano, que para quem não sabe foi de extrema moralidade e religiosidade na Inglaterra. Logo que se seguiu, já na década de 1920, houve uma ruptura total com esses dogmas e o inverso de liberdade e libertingam (também sem o tom pejorativo que a palavra carrega) aconteceu.
Sexo, mulheres no trabalho, roupas curtas, voto, entre reformas políticas, econômicas e novas ideologias. Obviamente que, de acordo com o livro, essas mudanças foram mais arrasadoras/libertadoras para as mulheres (o que é fato, só pelas histórias do livro), mas para a sociedade, acredito que o baque foi também violento.

Todo esse meu papo, foi para dizer que diante do que tenho assistido, visto e ouvido, estamos vivendo um novo Pós-Era Vitoriana na pós-modernidade, só que com a diferença de que não tivemos um “Vitorianismo” antes!
Claro que eu seria muito idiota se não percebesse que ainda temos boas e fortes rédias socias em quase todos os aspectos (família, trabalho, sexo, etc), mas o caso é que percebo nas pessoas em geral uma pré-disposição em experimentar sem limites, como anquela época.

Não estou aqui fazendo juízo de valores, por favor.
O bom e ruim, o bem e o mal, a luz e a sombra e toda essa poesia só serve pra dizer que um não existe sem o outro, assim como o Batman não vive sem o Coringa.
Quero chegar sim, então, a falta de responsabilidade ou ao menos um mínimo de noção, de consciência (onde para mim pode existir, daí, um problema). De acordo com Jorge Zahar, o amor está líquido e para mim para lá de líquido, beirando ao gasoso, e apesar de tudo é estranho observar que a geração “Y” pega, mas não se apega, querendo se apegar a todo mundo, querendo mais do que em qualquer época ser querido, conhecido e adorado.

As vezes é inevitável o envolvento, mas até que as pessoas caiam em si, a troca de parceiros (na cama, na noite, na mesma noite, por exemplo), já aconteceu. Daí vem o avassalador remorso e o arrependimento, pois a parte do “pego, mas não me apego” que começou na balada (uhu!) ou no bar, ficou no começo da noite e agora já tá no "me apeguei e me fodi, não só literalmente, mas sentimentalmente”.

Primeiro que não entendo esse pânico que as pessoas tem em se envolver, gente assim, um aviso: É DA GUERRA, OS SENTIMENTOS VÃO ACONTECENDO e não há nada de errado com isso, babaquice ficar com medinhos da vida (ok, tema para outra postagem..u.u..), mas enfim, seguindo o pensamento...

Penso que as pessoas devem fazer o que quiserem, reforço que não estou pregando moral e bons costums.
Só digo apenas que as vezes ir consciente da situação e do que se quer é mais inteligente.
Curtir a vida é bom e cada pessoa faz isso do seu jeito, mas consciência pesada é tão demodê, tão cansativo, tão antigo.
Pelo menos a mim cansa tudo isso, porque se o resultado dessas e das relações fossem um prazer edonista recompensador, 'ótemo', parabéns, que bom mesmo..mas não, vem a culpa, o chororô e as famosas frases "porqueeeeeeee eu fiz isso?? onde eu tava com a cabeçaaaaaa?? buáááááááá".
Ai assim, me ajuda que eu te ajudo.
Vamos facilitar as coisas??

Eu acredito muito nisso e no fato de que não ter o que fazer me torna, as vezes, uma socióloga de quermesse, com essas minhas análises sociais de final de semana...
Hehehehehehehe!
Mas é divertido e seguirei minhas observações, quem sabe um dia reconhecem minhas constribuições! AHAHAHAHAHAHAHAHAHA!



*Não quero que entendam o meu “mimimi” como um deboche ou descaso, mas é que como no caso do Marx e todo o mimimi dele sobre o capitalismo, algumas teorias, não me são mais assim tão atraentes, quero dizer com isso que já li a respeito e quero mais, mais teorias, novas, outros pontos de vista, outros autores, enfim....

Desejando não realizar o desejado

Tem desejo que tem que ficar no campo do desejo, porque se for posto em prática, perde o sentido de ser e a graça. Me explico.

Assim como existem sonhos possíveis e plausíveis de se alcançar e realizar, existem desejos na mesma medida. Pelo menos para mim, os sentindos do “sonhar” e “desejar” sempre foram de algo realizável, de algo que dependesse, às vezes de um grande esforço ou mesmo de uma sorte quase que óbvia.

Mas os desejos aos quais me refiro são aqueles que se atingidos perdem totalmente o sentido de ser, e principalmente, a graça.

Nesse caso pode se encaixar aquele coisa do “depois de quase morrermos para ter, quando temos, perde a graça”. Emoção ou perda de? Não faço idéia, Imaturidade? Joguinho?? Poder ser, mas a grande questão é que as coisas e pessoas inatingíveis e irrealizáveis servem para nos deixar humanos e lembrar-nos que Deuses só os greco-romanos.

No entanto digo que esse tipo de desejo tem um efeito animador, porque nas doses cavalares de vida real que temos todos os dias, o simples fato de desejar Angelina Joulie (Exagero? Sim, trabalhos!), ou nem TÃO longe, uma promoção, onde a vaga existe e está aberta.... enfim, pequenos desejos do dia-a-dia, podem tornar-se realidade e no fim perder totalmente a graça ao se ver que “não, não é bem assim, a promoção veio, mas a função não é tão legal quanto eu esperava”, e ups! a Angelina é casada com o Brad!

Digo por mim que certos desejos, ao imaginar realizados, perdem todo o sentido e a graça, pois na minha imaginação é sempre muito mais interessante do que poderia de fato ser se realizado. Às vezes tem-se sorte e o desejo realizado é parecido (parecido!) com o desejado, outros vão parar lááááá do lado de lá!

O caso é que sou a favor de nem tudo ser realizado, não só pela dificuldade existente, mas porque tem coisas que são muito melhores somente no antes, porque no durante e no depois, puffff, foi-se a graça, a sacanagem, o bom e a diversão!


*Escrito ao som de Kings of Medicine, Placebo.