Trilha/Filme Dans Paris

Pela segunda vez fui assistir o filme Dans Paris.
Antes de ir a segunda vez, eu já tinha a trilha do filme.
O que dizer dos dois... me pus a pensar ontem.
O filme conta a história de uma família as voltas da separação de um dos irmãos e nisso trouxe, no meu ponto de vista, a discussão sobre a tristeza profunda.
Não que o filme gire em torno apenas disso, mas depois de ouvir e ver pela segunda vez Dans Paris, foi o que mais me chamou atenção.
Paul se casou com Anna. Foram morar no Campo os dois e o filho dela.
Paul tem um pai e uma mãe que se divorciaram após a morte da irmã Clair, mas isso só aparece lá pro final do filme.
Jonathan, o irmão mais novo de Paul, é um jovem, e a palavra jovem já esclarece bem o que ele é.
O filme todo acontece através da narrativa de Jonathan do que tem acontecido a sua família no dia 23 de dezembro.
Toda a história começa com a separação de Paul e Anna e a descoberta do fim do amor entre os dois.
O sexo já não é mais o mesmo, as poucas conversas foram substituídas por silêncios, muitos cigarros, alguma bebida e música alta.
Paul volta a morar em Paris com o pai e o irmão, mas insiste em ficar trancado no quarto, deitado com casaco de lã. Jonathan o convida para ir ver as vitrines de Natal, como os dois irmãos sempre fazia na véspera da festa, e sai correndo. “São 9h36min, chego lá às 10h06min”.
No meio do caminho, três jovens que lhe ocupam boa parte da tarde. Uma numa motocicleta, Alice sua suposta namorada e a moça da vitrine.
O pai, esforçando-se para que Paul falasse o que estava acontecendo e nada.
O irmão, que segundo pai é um egoísta, estava indo esperar Paul na frente da loja.
Paul acaba se atirando da ponte, mas volta para casa. É encontrado pelo irmão Jonathan na banheira tomando um banho quente. Os dois conversam e assim o filme vai se desenvolvendo.
Ok, minha narrativa parece um tanto quanto fria e talvez desordenada com relação a cronologia do filme, MAS no final ainda podemos imaginar o que aconteceu.
Longe da minha narrativa fria, o filme me fez pensar muito.
Me fez pensar na tristeza desesperadora de Paul com o fim do amor.
Não que tenha sido culpa de alguém, apenas acabou.
A pergunta de Jonathan ao espectador faz pensar: “até onde a dor de um amor faz com que vocês possa se atirar de uma ponte??”
Paul se atirou e voltou. Paul colocou remédios na boca e tirou uma foto para depois chorar feito criança.
Mas depois de todas essas demonstrações de dor e de tristeza, a demonstração mais tranqüila foi a que mais gostei.
Alice, a namorada de Jonathan aparece em seu apartamento e Paul começa a conversar com ela já que o irmão ainda não havia chegado.
Paul lhe conta que eles tinham uma irmã, que ao 17 anos havia se matado por sentir uma profunda tristeza. Clair, de tempos em tempos sentia uma profunda tristeza que nada e nem ninguém conseguia aplacar, até que não agüentando mais se mata. Paul disse a Alice: “as vezes acho que nascemos com uma tristeza profunda, mas não temos culpa disso. Seria a mesma coisa que culpar alguém pela cor de seus olhos...ninguém tem culpa de nascer com olhos azuis...”
Pensei muito nisso e sinceramente não sei se discordo.
Sentimos o que sentimos, sem culpa, sem responsáveis, sem absolutamente nada, às vezes sentimos sem nem mesmo ter razão.
Paul está certo, sentimos os sentimentos por
Paul disse que queria conversar com Clair, pois somente ela lhe entenderia.
Tem uma cena no filme que diz e continua dizendo muito para mim, que é quando Paul liga para Anna e um canta para o outro “Avant la Haine”, uma das músicas mais tristes e mais bonitas de todos os tempos... e tudo fez e faz tanto sentido.
Acho Dans Paris um excelente filme, não apenas pela parte técnica, mas pela própria história, ver a segunda vez foi muito bom.
A trilha do filme também me agradou muito, pois é feita apenas de Jazz, por hora calmo e por hora acelerado. O cd da trilha tem 13 faixas e é maravilhoso para se escutar em um dia como hoje (nesses últimos tempos na verdade, mas isso é coisa minha), pois são 11 faixas instrumentais. Ele só falha por não ter uma música, a que Paul canta no quarto enquanto está deprimido. A música é de Kimi Wild, só não descobri qual ainda, mas muito boa. Mesmo. Descobrirei logo.
Não faço idéia de onde queria chegar com esse post, mas confesso que nunca havia pensando sobre a tristeza como passei a fazer depois desse filme.
Segue Avant la Haine...


