Ato II - A Loucura fala sobre a mulher
‘Júpiter, não sabendo do que fazer, me chamou, como de costume, para me consultar. Dei-lhe então um conselho digno de mim. “Faça uma mulher, eu disse, e a dê ao homem como companheira. É verdade que a mulher é um animal extravagante e frívolo; mas é também divertida e agradável. Vivendo com o homem, ela saberá, com suas loucuras, temperar-lhe e suavizar-lhe o humor tristonho e rabugento.”Quando Platão parece duvidar se deve colocar a mulher na classe dos animais racionais ou dos brutos, quer apenas nos indicar com isso a extrema loucura desse sexo encantador. (...) Uma mulher é sempre uma mulher, isto é, sempre louca, ainda que se esforce por disfarçá-lo.
Não creio que as mulheres sejam tão loucas ao ponto de se zangarem com o que digo aqui. Sou do sexo delas, sou a Loucura; provar que são loucas não é maior elogio que se pode fazer delas? De fato, considerando bem as coisas, não é a essa Loucura que elas devem agradecer por serem infinitamente mais felizes que os homens? Não é dela que recebem aquelas graças, aqueles atrativos, que elas têm razão de preferir a tudo, e que lhes servem para acorrentar os mais orgulhosos tiranos?
(...) E, se os toleram tudo nas mulheres não é , não é unicamente em vista do prazer que delas esperam? E esse prazer, o que é se não a loucura? Estaremos convencidos dessa verdade se atentarmos a todas as futilidades que um homem diz, a todas as loucuras que ele faz com uma mulher, sempre que tem vontade de gozar de seus favores.’
Elogio da Loucura – Erasmo (pg. 29 e 30 - L&PM)
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